Paga-se um preço muito alto por ser maranhense ou por viver no Maranhão. Morar no Maranhão é um motivo de agradecimento diário a Deus. São poucos os privilegiados, entretanto, com tantas benesses, folias e alegrias que Deus concede ao maranhense, ele exige dos nativos ou daqueles que por aqui aportam, um preparo físico excepcional e muita disposição para seguir tantos ritmos e musicalidade existentes nesta cidade e neste estado abençoado por uma cultura rica e diversificada.
O Maranhão é um estado cosmopolita, e o ano começa parecido como em todos os estados da federação, a diferença começa logo na primeira semana de janeiro com a festa de Reis e a queimação de palhinha, uma tradição católica musicada por uma turma que faz festa o ano inteiro no bairro Madre Deus e hoje fazendo parte do calendário turístico e cultural de São Luís, a queimação de palhinha .
Independentemente da tradição católica, neste mesmo período, começa o carnaval do Maranhão, o mais rico do Brasil, o mais bonito, o mais plural de todos os carnavais brasileiros; com seus ritmos, batuques e batucadas em uma indescritível singularidade. São tribos de índios, blocos tradicionais, blocos organizados ou charangas, blocos afros, blocos de sujo, escolas de samba com a mais autêntica de todas as escolas de samba do Brasil, o Fuzileiro da Fuzarca, a casinha da roça com um tambor afiado e o baralho, uma brincadeira afro-musical, agora devidamente miscigenada, que mistura reco-reco, pandeiro e violão.
O tambor de crioula é patrimônio cultural do Maranhão e da humanidade. O ritmo, a batucada e a umbigada ocorrem durante o ano todo e mais precisamente em louvor a São Benedito, principalmente o Tambor de Crioula de Cururupu. O tambor de crioula é uma manifestação musical essencialmente comemorativa e sempre presente nas festas populares do Maranhão.
O tambor de Mina é religioso, quando se dança na Mina é por questão religiosa e aí todo cuidado é pouco para não contrariar o santo ou a entidade. O tambor de Mina é único, só é tocado no Maranhão, e a Mina é a mais autêntica manifestação religiosa dos afros descendentes dos Daomés.
Em maio acontece a festa do Divino Espírito Santo em São Luís, Alcântara, na baixada maranhense e na região dos cocais. As batidas das caixas e o canto das caixeiras transcendem a originalidade e expressam a religiosidade e a cultura do maranhense.
O bumba meu boi de todos os sotaques, de pandeirões, matraca, costa de mão, zabumba e orquestra é orgulho do Maranhão e do Brasil, patrimônio cultural humanidade, é a nossa maior riqueza cultural.
O baile de caixa acontece em Guimarães, Viana, Cajapió e Penalva e têm início durante as festas do Divino Espírito Santo e se estende por todo o período junino.
Na região do Munim no período de junho a dezembro o maranhense dança o Pela-Porco de Rosário ou a dança do Lêle de São Simão. O Lêle de São Simão é patrimônio cultural da cidade de Rosário e mostra a influência francesa na cultura maranhense nesta belíssima dança de salão, musicada por diversos instrumentos musicais.
O Cacuriá atual, de como ele é apresentado, parece que foi uma invenção de D. Teté, ela sem dúvida foi a grande divulgadora do ritmo e da dança. O Cacuriá faz parte das festas em homenagem ao Divino Espírito Santo. Coube a D. Teté a introdução de instrumentos musicais às tradicionais caixas e a expansão e popularização da dança durante as festas juninas.
A festa ou dança de São Gonçalo é de origem portuguesa e uma homenagem ao Santo, tido como casamenteiro e dançarino. Conta a história que São Gonçalo convertia as donzelas dançando. A dança de São Gonçalo no Maranhão se dá através de uma promessa ou devoção, e acontece sempre em frente ao altar com a imagem do Santo dançarino.
Caixa, cuíca, cabaça, toadas improvisadas e muita animação, somada a beleza natural de Tutóia, pode acreditar que é a dança do caroço.
Na região dos cocais, uma dança de roda em que os dançantes com côfo e machado, rodopiam animadamente ao som de pandeiros, cuícas, caixas e batida da palma das mãos, simulando de forma festiva e musical o trabalho nos babaçuais; se tem a dança do coco como ritmo e dança peculiares do médio sertão.
O ano termina com os pastores no ciclo natalino, manifestação cultural que mescla canto, dança e drama, tudo ao som de clarinete, violão, violino, saxofone, pandeiro e trombone. A manifestação rítmica e cultural sempre é vista em Guimarães, Mirinzal, Cururupu, Humberto Campos, Alcântara e São Luís. E mesma turma animada que começa o ano na Madre Deus com a festa de Reis, encerra o ano com os Pastores do Natal.
Viva o Maranhão, o estado mais rico em cultura do mundo!
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO.