De repente uma reportagem de uma revista – Casa Vogue – veio mexer com o dia a dia dos maranhenses e especialmente dos ludovicenses, com a inclusão de uma rua da cidade de São Luís entre as mais bonitas do país. Ótimo para quem conhece bem a capital do Maranhão, afinal uma foto deste logradouro está em todos os cantos do mundo, através das redes sociais.
Rua do Giz ou 28 de Julho, foi eleita como a sexta mais bonita do Brasil pela revista Casa Vogue, mostrando uma foto do trecho que compreende a Praça Benedito Leite, passando pelas escadarias e chegando até o imponente casarão do Centro de Cultura Domingos Vieira Filho, justo o cidadão que escreveu sobre as ruas da cidade e relatou sobre a parte menos nobre desta rua no livro “Breve História das Ruas e Praças de São Luís” da Edições AML.
Uma parte desta rua é só beleza, outra parte nem tanto. A Rua do Giz é famosa mundialmente com este título, enquanto a Rua 28 de Julho para quem conhece era o centro da perdição e prostituição.
Hoje todo mundo opina sobre a beleza da Rua do Giz, mas ela está no mesmo lugar há muitos e muitos anos, como a Rua Portugal, Rua da Estrela, Rua da Palma, 14 de Julho, Formosa, Jacinto Maia e tantas outras, que pouca gente sabe os nomes.
VIVI BONS MOMENTOS NESTA RUA
Não poderia deixar de contar um pouco da minha vida, pois ainda “minino” vivi por alguns anos na parte que chocava a “alta sociedade” da cidade, que era a 28 de julho, a zona do Baixo Meretrício, casas das “putas”, gigolores, qualiras, golpistas, prostitutas, madames, punguistas, mas também trabalhadores que tiravam seu sustento daquela rua e suas redondezas. Ali no Largo das Mercês ficava o quartel da Polícia Militar do Maranhão, onde hoje está abrigada a Fundação da Memória Republicana.
Na 28 de julho existiam diversas boates onde os homens procuravam companheiras para uma noite de bebida e sexo. Uma das mais famosas era a Boate Itu, num belo sobradão que hoje serve como pousada. Lá meu pai Marcos José de Souza conhecido com Três Quinze, tinha um restaurante junto com minha amada mãe Yolanda Castro.
Jeremias e Alumínio, dois negros retintos, um maranhense e o outro carioca, protagonizavam verdadeiras lutas para saber quem era o mais destemido. Dona Cidreira, a melhor e maior costureira da região, era querida por toda comunidade. Foi um tempo bom.
Assim, penso ter contribuído um pouco com história desta emblemática rua, com dois nomes, mas famosa agora por ser a sexta mais bonita do Brasil, e que só agora, quase quatrocentos anos depois, está sendo descoberta pelos ludovicenses.
Rua do Giz
Deve-se o nome provavelmente a ladeira de argilas brancas onde hoje é a escadaria. Começa no Largo do Palácio, continuava até a ladeira Vira-Mundo (Rua Humberto de campos), para depois subir pela rua nova cascata (Jacinto Maia).
O trecho entre o Largo do Palácio e a escadaria foi aterrado para formar o passeio que fica em frente ao Palácio do Comércio (Associação Comercial).
Muitos artistas pintaram essa rua pela majestosa paisagem das fachadas dos prédios coloniais na ladeira.
Rua 28 de julho
Começa na Rua de Nazaré (Praça Benedito Leite) sob a forma de uma escadaria e termina no Largo das Mercês. Segue dentro da área da Praia Grande por cerca de três quadras. Sua denominação original, Rua do Giz, deve-se ao fato de ter sido tomada de argila branca, escorregadia, uma verdadeira armadilha para os transeuntes.
28 de julho assinala um fato histórico em nossa vida de povo livre, segundo Antônio Henriques Leal, quando camarista em 1865. Foi o Dia de Adesão à Independência do Maranhão ao Brasil em 1823.
Fotos: Geraldo Castro
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