O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi o responsável por 121 dos 208 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas compilados no Brasil no ano passado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o que representa 58% do total. Ainda segundo a organização, o Brasil registrou em 2019 um aumento de 54% nesse tipo de ataque físico ou moral contra profissionais ou veículos de comunicação, na comparação com 2018, quando foram anotados 135 casos.

O levantamento divulgado hoje registra que, no caso de Bolsonaro, “foram 114 ofensivas genéricas e generalizadas, além de sete casos de agressões diretas a jornalistas”. A maioria dos ataques de Bolsonaro ocorreu em divulgações oficiais da Presidência da República, de acordo com a federação.

Entre esses ataques, houve discursos e entrevistas do presidente —transcritos no site do Palácio do Planalto— ou por meio do Twitter oficial do presidente. A presidente da Fenaj, Maria José Braga, alertou para a gravidade da situação. “Há, de fato, uma permanente ameaça à liberdade de imprensa no Brasil e à integridade física e moral dos jornalistas. É preciso urgentemente frear o arbítrio instalado no país”, disse.

“O chefe de governo promove, por meio de suas declarações, sistemática descredibilização da imprensa e dos jornalistas. Com isso, institucionaliza a violência contra a imprensa e seus profissionais como prática de governo”, complementa.

Questionado sobre o filho Flávio, presidente questionou sexualidade de repórter.

Entre os ataques de Bolsonaro, houve, por exemplo, o questionamento sobre a sexualidade de um repórter que indagava sobre denúncias que foram feitas contra Flávio Bolsonaro, um dos filhos do presidente. “Você tem uma cara de homossexual terrível, mas nem por isso eu te acuso de ser homossexual”, afirmou.

Em outro momento da mesma entrevista, Bolsonaro alterou o tom da voz e ofendeu uma repórter ao responder se tinha comprovante de um alegado empréstimo feito a seu amigo e ex-policial Fabrício Queiroz. “Ô, rapaz, pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu pro teu pai, tá certo?” O Palácio do Planalto foi procurado para comentar o levantamento e suas considerações serão incorporadas a este texto caso sejam enviadas.

Bolsonaro compara Flávio a Neymar e ofende jornalista

Além de atacar publicamente veículos de comunicação e jornalistas, Bolsonaro também restringiu acesso a informações.

Em 27 de março do ano passado, por exemplo, na entrada de um jantar beneficente, em São Paulo, um assessor de imprensa selecionou os veículos que seriam autorizados a cobrir a visita do presidente.

Foram impedidos de acompanhar o jantar jornalistas do UOL, Folha de S.Paulo, O Globo, Estado de S.Paulo, Valor Econômico, TV Globo e rádio CBN. Puderam entrar repórteres das TVs Band, Record, SBT e Cultura, além da NBR.

Jornalistas assassinados

Além do número geral de casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa ter crescido em 2019, também cresceu o número de assassinatos, de acordo com o levantamento da Fenaj.

Os jornalistas Robson Giorno e Romário da Silva Barros, ambos com atuação em Maricá (RJ), foram assassinados. Em 2018, havia ocorrido um assassinato e, em 2017, nenhuma morte em razão do exercício profissional fora registrada.

Das categorias de agressões diretas a jornalistas, além dos assassinatos, registrou crescimento em 2019, em comparação com o ano anterior, a categoria das injúrias raciais. Em 2019, houve dois casos de racismo e, em 2018, nenhum.

Do Site UOL

Pesquisa divulgada pela Federação Nacional dos Jornalistas