Carro bom nem sempre é sinônimo de boas vendas. Em sua linha, a Volkswagen tem dois exemplos claros disso: o compacto Polo e o crossover Tiguan, ambos muito atrás dos respectivos rivais. Este último teve seu modelo 2012 lançado Volks na última semana, e tenta trazer para os números de mercado o mesmo bom desempenho que tem quando o assunto é prazer ao dirigir.
Se não conquista pelo preço — agora de R$ 110 mil, reajustado 8% em relação ao ano-modelo anterior e absorvendo o aumento do IPI –, o Tiguan lança mão de outros atributos. Boa dose de conforto e desempenho de acordo com sua proposta são dois pontos fortes, que se somam à tração integral, característica de série na única versão do crossover vendida no país — além da reestilização leve, cujos traços retilíneos deixaram o modelo alinhado ao restante da atual gama Volkswagen.
O interior do Tiguan repete o bom acabamento visto nos VW mais caros. O painel utiliza materiais suaves ao toque e insertos brilhantes no centro da peça e nas molduras das saídas de ar. O desenho dos mostradores é similar aos do SUV Touareg, com iluminação branca.
O centro do painel reúne os comandos do ar-condicionado e a tela do sistema multimídia (o test-drive foi realizado com uma unidade equipada com esse opcional). Os comandos são de fácil acesso ao
O banco do posto de comando apoia bem o corpo em curvas. Além do motorista, os demais passageiros encontram conforto no interior do Tiguan. O espaço adequado para as pernas só não é encontrado no centro do banco traseiro: porta-copos e saída traseira de ar-condicionado praticamente inviabilizam o transporte de um terceiro passageiro ali — característica cada vez mais comum dos novos carros, mas que é incoerente com um do porte do Tiguan. O porta-malas tem 470 litros, capacidade razoável. Porém, por ter assoalho alto, a acomodação de bagagens é dificultada.
IMPRESSÕES AO DIRIGIR
Irmão de plataforma do Golf VI e dos Audi A3 e Q3, o Tiguan tem um rodar agradável. A suspensão proporciona um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. Mesmo elogiável, durante o teste — realizado em Minas Gerais — foi possível notar que o sistema traseiro é um pouco mais macio do que deveria, levando o crossover a sair de traseira em curvas que apresentem desníveis no asfalto. Nada crítico: em situações mais extremas o carro sai de frente, um comportamento mais seguro.
A tração 4Motion (integral e automática) tem papel fundamental na estabilidade do Tiguan. Mesmo sem dotar o modelo de disposição para encarar um fora-de-estrada mais pesado, tanto no asfalto seco quanto em pisos de baixa aderência ela ajuda o veículo a se manter na linha. Os auxílios eletrônicos também são responsáveis por garantir a segurança na hora de dirigir. Freios ABS (antitravamento), ASR (controle de tração), EDL (bloqueio eletrônico de diferencial) e o ESP (controle de estabilidade) devem evitar que os seis airbags precisem entrar em ação.
O motor do Tiguan é o bem conhecido 2.0 TSI, que rende 200 cavalos de potência a 5.100 rpm e oferece torque de 28,5 kgfm. É um bom propulsor, que tem o ânimo domado pela transmissão automática Tiptronic de seis marchas. De relações longas nas primeiras velocidades e trocas um tanto demoradas, ela pode desanimar os motoristas mais empolgados que comemoraram o fato de que todo Tiguan vendido no Brasil vem com aletas para a troca de marcha atrás do volante. Infelizmente, o câmbio DSG, de dupla embreagem, não está disponível no Tiguan vendido aqui.
Com essa combinação de características, o crossover da Volks se destaca mais pelo comportamento em curvas do que pela capacidade de acelerar. Elas são contornadas sem problemas, com rolagem mínima da carroceria, o que passa confiança ao motorista. Ao mesmo tempo, os passageiros são poupados de boa parte dos solavancos típicos do asfalto brasileiro. O Tiguan também foi experimentado num trecho de terra batida, no qual a suspensão mais uma vez provou seu bom acerto. Provocado, o carro seguiu plenamente as vontades do motorista, sendo facilmente controlável e não “quicando” em demasia ao passar por ondulações.
Se o Tiguan mostra suas qualidades para quem se propõe a conhecê-lo mais intimamente, falta justamente despertar essa curiosidade no consumidor brasileiro. O aumento de preço não ajuda nisso, mas a reforma estética e o comportamento exemplar são bons argumentos para convencer o interessado num crossover compacto a dar uma olhada para este carro alemão.
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