Por Luísa Marzullo — Rio de Janeiro -O Globo

 

Felipe Camarão (PT) relembrou momento das eleições de 2022 em que Dino e Brandão ainda eram aliados e concorreram no mesmo palanque; apesar do gesto, petista tem desencontros com governador, que o pretere para a sucessão

 

Felipe Camarão (PT) relembrou momento das eleições de 2022 em que Dino e Brandão ainda eram aliados e concorreram no mesmo palanque; apesar do gesto, petista tem desencontros com governador, que o pretere para a sucessão

Poucos dias após o casamento do Flávio Dino que expôs o rompimento entre o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e o governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), seu vice, Felipe Camarão (PT) fez um gesto político. Aliado de primeira hora de Dino e com rusgas pessoais com o governador pela sucessão do estado, Camarão fez um aceno público à Brandão.

 

Em suas redes sociais, nesta quinta-feira, ele divulgou um vídeo da campanha de 2022, quando Dino e Brandão ainda eram aliados e disputaram no mesmo palanque, um ao Senado Federal e outro ao governo. Na gravação, o então candidato à vice-governador fala sobre a ausência de Brandão, que estava afastado por um tratamento médico.

 

— Essa história da gente achar que o Brandão não tá aqui é mentira. Nós temos mil Brandões aqui hoje. Essa noite eu sou Brandão, tá? Aqui todo mundo é Brandão. O Flávio Dino é Brandão. O Lula é Brandão. O Camarão é Brandão. Todos nós somos Brandão — disse, na ocasião.

 

Acompanhado do vídeo, o vice-governador escreveu que ao lado de companheiros, seu grupo percorreu o estado. “Lembrança muito simbólica, pois adorei percorrer o Maranhão carregando a bandeira do time do Lula, Dino, Brandão e Camarão”, afirmou.

 

A mensagem de Camarão coloca panos quentes no rompimento entre Dino e Brandão, que agora dividem grupos na política maranhense. O vice é, inclusive, um dos grandes motivos da briga. Quando foi escolhido para dar continuidade ao mandato de Dino, em 2022, um acordo foi costurado já prevendo que Brandão renunciaria em março de 2026 para que Felipe Camarão concorresse na máquina. Na ocasião, o vice foi filiado ao PT por influência do hoje ministro do STF.

 

Com o passar dos anos, contudo, Brandão e Dino se afastaram e, hoje, o governador tem seus próprios indicados para a disputa. Quem desponta como favorito para o cargo é seu sobrinho, Orleans Brandão. Oficialmente, contudo, ele não comenta sobre o tema e tenta, a todo custo, postergar a decisão. Segundo articuladores do governador, o voo próprio incomodou o entorno de Dino que queria mais espaço nos primeiros escalões.

 

Além das eleições de 2026, os dois colecionam rusgas judiciais — a nomeação de parentes no governo incomodou aliados de Dino e a demora na agilização do processo que suspendeu a eleição para conselheiro do Tribunal de Contas (TCE-MA), o grupo de Brandão.