Hoje em dia é muito fácil ser profissional de rádio, televisão e jornal, bastando para tanto fazer um curso de comunicação em alguma Universidade ou faculdade, ou até um cursinho no Senac e já vira radialista.

Tá muito, muito fácil encarar essas profissões, a começar pelos estágios amplamente utilizados pelas empresas que depois descartam os mesmos, com um aproveitamento muito pequeno dos oriundos das universidades e faculdades.

Hoje com 50 anos de profissão, me considero um Radialista Raiz, pois lá na década de 1970 mais precisamente no ano de 1973 comecei minha caminhada no rádio, prestando um concurso de voz, na época com 140 candidatos, e fiquei em segundo lugar entre os dez aprovados.

De novo fiquei em segundo lugar, sendo que Marta Macambira, uma profissional paraibana de VOZ fantástica ficou com a única vaga disponibilizada pela Rádio Gurupy AM 1340 Khz.

Aí entrou no circuito uma certa senhorinha chamada Yolanda Castro, que não se conformou em seu filho não ter conseguido a vaga para trabalhar. Mãe protetora e lutadora, Yolanda Castro procurou os diretores da Rádio Gurupy, mostrou a eles a necessidade que tinha de ver seu filho trabalhando.

Walber Polary e José Santos entenderam aquela mãe e conseguiram colocar o filho dela na Emissora, não como locutor, mas sim como auxiliar de discoteca, com apenas 17 anos, completamente inexperiente. Era 1° de abril, conhecido como Dia da Mentira.

A partir daquele dia nascia para o rádio um novo membro que faria história e continua até hoje com o mesmo ímpeto, vontade, garra, determinação e honestidade.

Nascia na Rádio Gurupy, Geraldo Castro, nome próprio, voz empostada, e que se especializou em conhecimento de músicas de todos tempos, entre outras coisas.

No dia 1° de julho de 1973, com a mudança da programação da Emissora, eis que Geraldo Castro ganhou seu primeiro programa, pela confiança depositada por Walber Polary e José Santos.

 Hoje depois de 50 anos, me sinto um Radialista Raiz, criado dentro do estúdio, da técnica, nos transmissores, na discoteca, enfim no melhor local para se aprender; no Rádio.

Nos dias atuais, os jovens que fazem radialismo, jornalismo não pensam no maior veículo de todos os tempos. Querem a Televisão, não querem o rádio, querem a internet, as novas mídias.

O saudoso companheiro Herberth Fontenelle sempre dizia aos mais novos; “radialista é superior ao tempo”. Estava certo o colega Fontec.  Não só o radialista, mas o RÁDIO é superior a tudo, mesmo que as outras mídias e os novos entrantes entendam que o rádio morreu.

Não morreu e não morrerá, pois só no Brasil, este país de modismos trata grandes veículos de comunicação como o Rádio e o Jornal impresso, como superados.

Em outras partes do mundo, o rádio continua mais vivo e ativo entre os meios de comunicação. Na Índia, um país imenso como o Brasil, as rádios foram transformadas em AM’s digitais, de longo alcance. Aqui eles, os políticos, defenestraram as Emissoras, obrigando-as a serem todas FM’s, sem muito alcance.

Nos Estados Unidos, o país inteiro, de leste a oeste continua com suas emissoras, mesmo que as redes sociais tenham também muita força.

Estou hoje em uma emissora comunitária, Cultura FM 106,3 no Paço do Lumiar, recomeçando minha vida, pois preciso trabalhar para sustentar minha casa.

E mais uma vez me vem à cabeça, uma certeza; “Sou um Radialista Raiz”. Vida que segue!

Mas eu Geraldo Castro tenho o maior orgulho de ser Radialista Raiz!