Em mais um capítulo da luta do presidente Nayib Bukele contra as gangues do país, novo presídio tem 166 hectares e capacidade para 40 mil detentos

 

O governo de El Salvador inaugurou nesta semana o maior presídio das Américas, com o mais alto nível de segurança e capacidade para 40 mil detentos. A construção representa mais um capítulo da “guerra” contra as gangues travada pelo presidente salvadorenho Nayib Bukele, que instaurou um regime de exceção em março do ano passado para conter a escalada de violência no país.

 

Batizada de Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT), a megaprisão é parte fundamental da investida de Bukele contra o crime organizado. O estado de exceção, porém, já deixou ao menos 175 mortos nos últimos 10 meses e é amplamente criticado por ONGs de direitos humanos, que acusam o governo de usar tortura, prisões arbitrárias e desaparecimentos forçados como métodos.

 

“El Salvador conseguiu passar de país mais inseguro do mundo para o mais seguro das Américas”, escreveu Bukele quando apresentou o centro no Twitter. “Como conseguimos isso? Colocando os criminosos na cadeia. Há espaço? Agora existe. Será que eles poderão dar ordens de dentro? Não. Será que eles poderão escapar? Não”, acrescentou, exibindo o espaço em um vídeo superproduzido.

 

Setor onde os detentos vão dormir. Camas de ferro sem colchões

Construído em um vale rural a uma curta distância do imponente vulcão Chichontepec, em Tecoluca, cerca de 74 km da capital San Salvador, o CECOT tem rigorosos controles de entrada. Para entrar na prisão, os detentos, assim como as equipes de segurança e administrativa, têm de passar por zonas de registro antes de atravessar três portões controlados pelos agentes.

 

Além das etapas anteriores, todos os membros de gangues que forem deslocados para o megapresídio terão de passar por um scanner corporal e serem fotografados. As autoridades, no entanto, ainda não divulgaram quando começará a transferência de parte das mais de 62 mil pessoas presas sob o estado de exceção.

 

Para construir a prisão, o Estado comprou 166 hectares, dos quais 23 foram usados para construir oito alas dentro de um perímetro cercado por uma parede de concreto de 11 metros de altura e 2,1 quilômetros de comprimento, protegida por cercas de arame eletrificado.

 

 

Para assegurar a autonomia ao presídio, o ministro salvadorenho de Obras Públicas, Romeo Rodríguez, disse que dois poços foram perfurados, uma planta de abastecimento de água de 600 metros cúbicos e quatro cisternas foram instaladas, além de oito subestações elétricas construídas. A prisão também dispõe de centrais elétricas emergenciais, movidas a combustível, para garantir o fornecimento de energia em qualquer situação. Uma estação de tratamento de esgoto também foi construída.

Fica aqui uma pergunta; vai resolver ou servirá apenas para os adversários do presidente de El Salvador?

 

(Com AFP e El País).