Acirramento político no país e presença de facções criminosas são alguns dos motivos apresentados pelas autoridades; lista tem 439 municípios.

Até o momento, dez das 27 unidades federativas pediram a presença das Forças Armadas para garantir a segurança da votação e da apuração das eleições deste ano, segundo levantamento feito pelo GLOBO com os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) do país. Ao todo, 439 cidades solicitaram o reforço. O requerimento é praxe durante os pleitos, mas há uma característica distinta que motiva as requisições em 2022: o acirramento da polarização política e o temor de violência generalizada por quem desacredita o processo eleitoral.

 

De acordo com o levantamento, o Maranhão foi o estado que solicitou tropas para mais cidades (97), seguido do Rio (92), Piauí (85), Pará (78), Mato Grosso (29), Acre (22), Mato Grosso do Sul (11), Amazonas (10), Ceará (10) e Tocantins (5). A defasagem de efetivo policial, a violência urbana, a ausência do Estado em áreas indígenas e quilombolas e a interferência das facções criminosas ligadas ao narcotráfico são as principais motivações dos pedidos.

 

O desembargador Elton Leme, presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), explica que é a quinta vez que o estado solicita o reforço das tropas federais nas eleições. Segundo ele, o pedido é necessário pelas características do Rio, que tem a “atuação de alguns grupos criminosos, como a milícia e o tráfico de drogas dominando comunidades”. O clima político mais conflituoso destas eleições gerais, diz Leme, já é algo presente nos pleitos municipais e que, portanto, “não assusta nem amedronta”.

 

Para sustentar a necessidade das tropas no Maranhão, o desembargador José Luiz Oliveira de Almeida, vice-presidente e corregedor do Tribunal Regional Eleitoral do estado, alegou em seu voto que o processo eleitoral deste ano, “além de envolto no embate ideológico de grupos políticos locais, alcança o atual cenário nacional de polarização política, causa de discussões acaloradas e de acirramento de ânimos”. Segundo ele, cabe à Justiça Eleitoral “assegurar a condução ordeira e pacífica dos trabalhos eleitorais, contando, para tanto, com o apoio das forças de segurança pública”.

O Globo