Mar Pichel
BBC News Mundo
Na primeira semana da campanha de vacinação em massa contra covid-19 em idosos, o Chile já havia ultrapassado o marco de um milhão de pessoas imunizadas.
A meta do governo chileno é vacinar os maiores de 65 anos antes de 19 de fevereiro para que toda a população que faz parte do grupo de risco — incluindo pacientes crônicos e profissionais de saúde — seja imunizada no primeiro trimestre de 2021, de modo a vacinar 15 milhões dos 19 milhões de habitantes do país até julho.
Em meados de 2020, o governo chileno enfrentou fortes questionamentos em relação à gestão da pandemia, à medida que o país registrava as maiores taxas de infecção por covid-19. Mas agora está sendo aplaudido por seu plano de vacinação. A campanha é gratuita e voluntária.
De acordo com os últimos dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde do país, 2.375.725 pessoas foram imunizadas no Chile contra a covid-19 até o dia 16 de fevereiro.
Até a última sexta-feira (19), o país havia administrado 15,03 doses da vacina para cada 100 habitantes — segundo a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford, no Reino Unido. Número muito superior às 3,07 doses no Brasil, 1,48 na Argentina e 1,22 no México.
O desempenho até agora coloca o país como líder latino-americano e 7º no ranking mundial de taxa de vacinação contra a doença, liderado por Israel (82,40).
Mas como o Chile alcançou esse resultado?
De acordo com Luis F. López-Calva, diretor regional do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) da América Latina e Caribe, para que uma campanha de vacinação seja bem-sucedida, três fatores importantes devem ser levados em consideração: primeiramente, dispor de recursos financeiros para adquirir as vacinas; segundo, ter uma boa estratégia para distribuir as doses e, finalmente, ter capacidade institucional e estrutura governamental para implementá-la.
“Essas três características foram bem atendidas no caso do Chile”, afirmou López-Calva à BBC News Mundo, serviço em espanhol da BBC.
O Chile também possui uma sólida rede de atendimento primária, por meio da qual já são realizadas outras campanhas anuais de vacinação, afirma a jornalista Paula Molina.
Segundo ela, tanto essa rede robusta quanto a experiência em campanhas de vacinação têm facilitado a logística. E em relação a isso, o Chile tem uma vantagem.
“Temos uma população pequena e ela está muito concentrada na região metropolitana (Santiago)”, diz Molina.
Além da capacidade institucional em termos de centros de saúde, López-Calva também destaca a utilização de recursos materiais e humanos existentes para acelerar o ritmo da vacinação.
Assim, estádios, centros educacionais e esportivos foram transformados em postos de vacinação, e todo profissional de saúde capacitado — como dentistas e parteiras — foi chamado para realizar a vacinação.
“É uma estratégia que tem funcionado bem e acho que outros países podem aprender com ela”, avalia o diretor regional do PNUD.
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