PANDEMIA DE CORONAVÍRUS

Novo ministro da Saúde, Nelson Teich, fala em aliar isolamento com incentivo à economia contra covid-19Oncologista e empresário do setor da saúde foi consultor informal na campanha eleitoral de Jair Bolsonaro. Secretários de saúde afirmam que transição ainda tem cenário incerto e que esperam defesa do SUS

Jair Bolsonaro e o novo ministro, Nelson Teich.
Jair Bolsonaro e o novo ministro, Nelson Teich.JOÉDSON ALVES / EFE

JOANA OLIVEIRA|BEATRIZ JUCÁ
São Paulo – El País/Brasil

O médico oncologista e empresário do setor da saúde Nelson Teich é o escolhido por Jair Bolsonaro para ocupar o Ministério da Saúde no lugar de Luiz Henrique Mandetta, demitido nesta quinta-feira depois de semanas de conflito com o presidente. “É uma honra estar aqui para poder ajudar o país”, disse Teich, após ser apresentado por Bolsonaro. Em um breve discurso, o novo ministro indicou que não faria mudanças bruscas na política do ministério em meio à pandemia, mas disse estar alinhado ao presidente e defendeu que saúde e economia não podem ser discutidas separadamente.

Nascido no Rio de Janeiro, Teich se formou pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e se especializou em oncologia no Instituto Nacional de Câncer (Inca). Atualmente, é sócio da Teich Health Care, uma consultoria de serviços médicos e atuou como consultor informal na campanha eleitoral de Bolsonaro, em 2018, chegando, inclusive, a ser cotado para assumir a pasta de Saúde, mas foi preterido por Mandetta. A aproximação, na época, ocorreu por meio do atual ministro da Economia, Paulo Guedes.

Teich foi apresentado pelo presidente, que estava visivelmente tenso com a mudança que promoveu em meio à pandemia. O novo ministro falou rapidamente sobre sua expectativa em relação ao novo posto. “Discutir saúde e economia separado não dá. Ambos são complementares”, afirmou o novo ministro, que citou a atividade econômica como um fator importante para a saúde. “O desenvolvimento econômico arrasta outras coisas. Quanto mais se desenvolve mais se investe em educação e saúde, Emprego é necessário”, disse ele, ao lado de Bolsonaro, garantindo que há um alinhamento completo entre ambos e “todo o grupo do ministério”, para que a sociedade volte a ter vida normal. Para tal, defendeu dados e estudos que norteiem as ações, uma diretriz que já era seguida por seu antecessor.

Apesar das falas sob medida para os ouvidos do presidente, Teich sempre defendeu o isolamento horizontal. Desde o início da pandemia de coronavírus, tem publicado no LinkedIn análises sobre a crise defendendo essa posição, ou seja, o confinamento de toda a população, ao contrário do presidente, que defende o isolamento apenas de pessoas nos grupos de risco, como os idosos. Em um dos artigos, ele argumentava: “Além do impacto no cuidado dos pacientes, o isolamento horizontal é uma estratégia que permite ganhar tempo para entender melhor a doença e para implantar medidas que permitam a retomada econômica do país”.