Esta matéria foi publicada no ano passado no Site G1/Maranhão, e estou publicando um ano depois mudando apenas o ano, que agora já são oito.
O assassinato do jornalista maranhense Aldenísio Décio Leite de Sá, o ‘Décio Sá’, completa oito anos nesta quinta-feira(23) e até o momento, apenas duas pessoas foram condenadas pelo crime. Outras nove pessoas, entre mandantes e envolvidos no crime, ainda não foram julgados após terem recorrido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Entre os já condenados, estão o assassino confesso do jornalista, Jhonatan de Souza Silva e Marcos Bruno de Oliveira, responsável por dar fuga ao assassino em uma motocicleta logo após do homicídio, que ocorreu na Avenida Litorânea em 2012.
Décio Sá foi morto a tiros em um bar na Avenida Litorânea em São Luís. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Os outros nove envolvidos no caso aguardam o julgamento em liberdade. Dentre eles, estão Gláucio Alencar e o pai dele, José de Alencar Miranda que são apontados pelo inquérito da Polícia Civil seriam os mandantes do crime. Além deles, ainda não foram julgados José Raimundo Sales Chaves Júnior, o ‘Júnior Bolinha’; Fábio Aurélio do Lago e Silva, o ‘Bochecha’; o capitão da Polícia Militar do Maranhão, Fábio Aurélio Saraiva Silva, ‘Fábio Capita’, Welquer Farias Velosos e outros policiais civis que não tiveram o nome divulgado.
A situação revolta familiares e órgãos que trabalham na defesa dos jornalistas. O Sindicato dos Jornalistas do Maranhão está cobrando mais agilidade do Tribunal de Justiça (TJ) sobre o caso.
“Quando se mata um jornalista estão querendo calar a voz do que pode levar alguma coisa a população adiante, que pode denunciar. E inclusive é uma agressão a própria democracia”, disse Douglas Cunha, presidente do sindicato.
Jhonathan de Sousa Silva foi condenado a 25 anos de prisão pela morte de Décio Sá. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Novos fatos
Após a morte de Décio Sá, a Polícia Civil iniciou no Maranhão a Operação Detonando, que constatou que a morte do jornalista foi motivada após ele ter denunciado casos de agiotagem no Maranhão, que eram feitas em seu blog no jornal ‘O Estado’, sendo um dos mais acessados do estado.
Oito anos após crime ainda surgem novos fatos envolvendo o caso. O ex-delegado da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (SEIC), Tiago Bardal, que foi preso por envolvimento em contrabando, disse que teria recebido ordens para manipular e arquivar o inquérito do crime. A denúncia feita pelo ex-delegado aponta que ainda há fatos para serem investigados.
Tiago Bardal depôs na sede da Superintendência de Combate à Corrupção (Seccor) em São Luís. — Foto: Reprodução/TV Mirante
“Até hoje não se sabe ao certo quem foi o mandante. Tem uns que foram presos, excessos de prazos foram soltos, tem recursos interpostos no Tribunal de Justiça (TJ) e estão aguardando o julgamento. Fica esse embólio que a gente não consegue saber quem de fato mandou matar o Décio Sá.
De acordo com a 1ª Vara do Tribunal do Júri de São Luís, os nove envolvidos ingressaram com recurso tendo o Tribunal de Justiça mantido a decisão de Gláucio Alencar, José de Alencar Mirante e José Raimundo Sales Chaves Júnior. Segundo o TJ, o processo ainda está pendente de julgamento de recurso do Tribunal de Justiça do Maranhão e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.
O juiz titular da vara, Osmar Gomes disse que assim que o processo for devolvido, o julgamento será incluído em pauta imediata.
Entenda o caso
O jornalista Aldenísio Décio Leite de Sá, o ‘Décio Sá’, de 42 anos, foi executado a tiros na noite de 23 de abril de 2012, na Avenida Litorânea em São Luís. Segundo a polícia, ele foi alvejado cinco vezes por homem que estava em uma motocicleta e fugiu após o crime.
As investigações da Polícia Civil apontaram que a morte Décio Sá foi motivada após ele ter denunciado casos de agiotagem no Maranhão, que eram feitas em seu blog no jornal ‘O Estado’, sendo um dos mais acessados do estado. Os denunciados por Décio faziam parte de uma quadrilha que emprestava dinheiro a juros para prefeitos durante as campanhas e depois os políticos usavam o dinheiro para pagar os agiotas.
José Alencar Miranda de Carvalho e Gláucio Alencar são acusados de serem os mandantes do assassinato do jornalista Décio Sá. — Foto: Reprodução/TV Mirante
Duas pessoas foram presas após o crime. Dentre elas, Jhonathan Sousa Silva que confessou à ter assassinado o jornalista, a mando de um consórcio de agiotagem, formado por seis pessoas que foram presas em 13 de junho. Além dele, foi preso Marcos Bruno de Oliveira, que deu fuga ao assassino.
Foram apontados pelo pistoleiro como mandantes do crime, os empresários Gláucio Alencar Pontes Carvalho; seu pai José de Alencar Miranda Carvalho; José Raimundo Sales Charles Júnior; Fábio Aurélio do Lago e Silva, Airton Martins Monroe e o capitão da PM do Maranhão, Fábio Aurélio Saraiva, o ‘Fábio Capita’.
O assassino confesso relatou que o grupo teria encomendado o crime por R$ 100 mil, mas o valor não foi pago integralmente. Por conta disso, o pistoleiro voltou à São Luís para cobrar a dívida.
José Raimundo Sales Chaves Júnior, o ‘Júnior Bolinha’ é um dos suspeitos de ter participado da morte de Décio Sá. — Foto: Reprodução/TV Mirante
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