O insucesso da seleção brasileira na Copa de 2014 é ainda comentado em qualquer roda de conversa onde o assunto seja futebol, muitos se credita a derrota para a poderosa Alemanha a teimosia do técnico Luís Felipe Scolari, o Felipão. Alguns ainda o chamam de ultrapassado, outros de um simples motivador, na verdade um coach motivacional. O certo é que Luís Felipe Scolari é o técnico mais bem-sucedido da história recente do futebol brasileiro.

Aqui no Maranhão nós tivemos diversos técnicos vencedores, entretanto, o maior de todos, vencedor em todos os clubes em que dirigiu e o primeiro técnico e o único maranhense com um título de Campeão Brasileiro. Campeão Brasileiro da Série B, o antigo Brasileirinho, conquistado pelo Sampaio Corrêa Futebol Clube, trata-se do excepcional e estratégico Marçal Tolentino Serra e como Felipão, era extremamente contraditório, com métodos de treinamento discutíveis e o primeiro a criar uma família no futebol: a família do Marçal. A família Scolari veio depois.

Marçal Tolentino Serra era um treinador motivador, costumava proteger os seus “atletas”, e os protegia de qualquer insatisfação da torcida, diretoria e imprensa. Fechava o grupo como se diz hoje no futebol e não recusava umas cervejas mesmo nas vésperas de um super-clássico. Nestas ocasiões bebericava até as 23 horas e a partir daí todos iam para as suas casas. Tinha a absoluta confiança dos jogadores e a eles se dirigia como “moçada”. Era um dialogo simples e que qualquer “boleiro” entendia, tipo: “vamos lá moçada, vamos ganhar, vocês são os melhores,…”. Com um discurso pronto se fez campeão e adquiriu respeito no mundo futebolístico maranhense e brasileiro.

Marçal Tolentino Serra foi da época de Bero, o nosso Alberino Francisco de Paula, outro excelente treinador. Este sem método ortodoxo de treinamento, lembrava mais o Tite, o vitorioso técnico corintiano e atual comandante da seleção brasileira. Cerebral, calmo e de poucas palavras, conduziu a Bolívia Querida em diversos títulos regionais. Bero é piauiense e ainda deve trabalhar no futebol da terra ou do céu.

Ambos os treinadores recebiam críticas da imprensa, algumas justíssimas, outras nem tanto. O melhor comentarista de futebol do Maranhão e do Brasil, o mais emblemático torcedor boliviano, Herbert Fontenele, com passagens em todas as rádios de São Luís, sempre comentou os jogos do Sampaio Corrêa com uma parcialidade apaixonada, seria o nosso Juca Kfouri comentando algum jogo do seu Corinthians, e sempre que podia, Fontenele criticava os métodos de treinamento de um ou de outro, em um exagerado amor pela Bolívia Querida.

Marçal Tolentino Serra e Alberino Francisco de Paulo, são inimitáveis na sua excepcionalidade arte de condução de um time de futebol, nem mesmo o carismático e um dos maiores vencedores pela Bolívia Querida, o treinador Nelson Gama, se compara com estes dois expoentes do futebol maranhense

Felipão sempre treinou grandes clubes e seleções. Marçal Tolentino Serra teve a felicidade de comandar o excepcional time do Brasileirinho de 1972: Jurandir, Célio Rodrigues, Neguinho, Nivaldo e Valdeci; Gojoba e Edmilson Leite; Lima, Djalma Campo, Pelezinho e Jaldemir. Felipão não teve esta sorte. Jamais dirigiu a Bolívia Querida.
HAMILTON RAPOSO DE MIRANDA FILHO