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Alguns comportamentos marcam uma época, contam uma história ou simplesmente caem no esquecimento. As brincadeiras de carnaval em sua maioria seguem este curso. Blocos, tribos, corsos ou marcaram uma época ou caíram no esquecimento. Vira-Latas, Apaches, Vigaristas ou os tradicionais corsos, pouca gente se lembra, caíram no esquecimento!
O carnaval apesar de ter sua origem no período medieval, o comportamento de brincar e de se sujar durante as festas permanece até hoje em algumas cidades.
Pois bem, no início da década de 1970 aqui em São Luís, não se sabe quem foi o inventor da “brincadeira”, lembro-me de Álvaro Cláudio Moraes, pai do Padre Heitor, organizando um mela-mela, confeccionando com canos de PVC, cabos de vassouras e bucha de couro, bombas de sucção d’agua. São Luís substituía o inocente confete e serpentina pela maisena e jatos de água. Os carros alegóricos que faziam o comportado e tradicional corso, foram substituídos por caminhões cheios de túneis com água, canos de PVC e Maisena.
Não havia batucada, samba, orquestra, nada que identificasse aquilo como carnaval. Travava-se nas estreitas ruas da cidade uma verdadeira batalha de água e maisena. O centro ficava marcado de Maisena.
A festa, ou melhor, o mela-mela, parecia que não tinha fim.
A resistência dos blocos tradicionais, tribos, casinha da roça, dos blocos de sujo e das escolas de samba ganharam um importante aliado quando a Flor do Samba resolveu modificar o carnaval com dois populares sambas: “Ô raio o sol / Suspende a lua / Olha o palhaço no meio da rua….” e o “ Haja Deus / Quanta beleza / A Flor do Samba vem mostrar…”
Cansados de tantas confusões por causa do mela-mela e empolgados com o “Haja Deus / Quanta beleza…” a turma da Praça da Alegria formada por Álvaro Cláudio, Januário, Silvino, Zequinha, Guará, Carlinhos, Hamilena, Silvia, Silvinha, Portela, Zezé e muitos outros, resolveram criar a Bandalheira. Talvez tenha sido a primeira charanga de São Luís.
A bandalheira saía da Praça da Alegria, em frente da casa dos meus pais, que funcionava como QG do bloco e descia a Rua do Passeio até a Praça da Saudade, retornando pela Rua do Norte. O detalhe ficava por conta do estado etílico dos participantes que dificilmente concluíam o percurso de volta.
Animados pelo “Haja Deus / quanta beleza…” a classe média começa a participar nas atividades das escolas de samba e a disputa entre a Turma do Quinto, Flor do Samba e Favela do Samba ganham desnecessariamente com as torcidas organizadas, contornos passionais clubistas. Lilio Guega, Wellington, Bulcão, Godão, Piranha, Augusto Tampinha, Chico da Ladeira, Chico Coimbra, Reynaldo Faray, Giust, Leda Nascimento, Dominguinhos, Zeca Gordo, Zé Raimundo Rodrigues, Renato Dionísio, Euclides Moreira e muitos outros, colocam o carnaval de São Luís na passarela e o ponto máximo, o clímax para este tipo de carnaval, foi o carnaval da Praça Deodoro. E o marco de todos os desfiles foi o samba enredo da Turma do Quinto de 1983 sobre João do Vale, o “Quanto Queima como Atrasa” e a sensacional coreografia da comissão de frente fazendo um cordão como se fosse um trenzinho.
Bom carnaval a todos!
HAMILTONRAPOSO DE MIRANDA FILHO (2017).
HISTÓRIAS DE SÃO LUÍS CARNAVAL DE SÃO LUÍS A BANDALHEIRA E O DESFILE DA TURMA DO QUINTO DE 1983.
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