O período de duas semanas que termina amanhã, que coincide com auge dos festejos juninos, é para ser varrido da memória dos comunistas, principalmente dos dois principais líderes palacianos, o governador Flávio Dino e o seu super secretário de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry. Ambos amargaram pelo menos três dissabores nos últimos dias, que os deixaram perplexos, acuados e desestabilizaram a rotina governista: a divulgação da pesquisa de intenções devotos que apontou a ex-governadora Roseana Sarney à frente de Dino, a revelação de que Jerry é investigado pela polícia por suposto oferecimento de propina a um líder indígena e a não escolha do procurador Nicolao Dino, irmão do governador maranhense, para chefe da Procuradoria Geral da República.
A pesquisa que posicionou Roseana à frente do Flávio Dino na corrida sucessória rumo a 2018, realizada pela Escutec, acendeu o alerta do Palácio dos Leões. Imediatamente, os governistas contra-atacaram, sacando outro levantamento, realizado pelo instituto Exata, segundo o qual o governador é o preferido do eleitorado. Levando em conta a voz das ruas e seus ecos estridentes nas redes sociais, a sondagem que coloca Roseana à frente é a que mais condiz com a realidade.
Os números indigestos foram seguidos por um fato tão ou mais impactante: a revelação de que Márcio Jerry e a ex-assessora especial de Flávio Dino e ex-candidata a prefeita de Grajaú, Simone Limeira, são alvos de investigação policial: ele por ter sido acusado de oferecer propina para que índios guajajaras encerrassem um protesto em frente à sede do governo por verbas para as aldeias; ela por ter supostamente pedido propina para liberar verbas de transporte escolar para a mesma tribo.
Se o envolvimento de Simone em episódio tão grave já provoca forte abalo, pois, mesmo fora do governo – pelo menos oficialmente -, ela mantém intacta sua influência junto à cúpula comunista, o de Márcio Jerry pode minar todo o espectro de poder no seu entorno, com consequências ainda não mensuráveis para a gestão e para o projeto político por ele acalentado para 2018. Sem explicar objetivamente a acusação que pesa sobre seus ombros, o secretário mais íntimo do governador atribui a políticos da oposição e a blogs a culpa pela mobilização do Ministério Público e da Justiça para que o caso seja esclarecido e os responsáveis sejam devidamente penalizados, se assim for decidido.
A terceira e não menos devastadora derrota política comunista foi a não indicação, pelo presidente Michel Temer, de Nicolao Dino para o cargo de procurador-geral da República. Mais votado da lista tríplice formada a partir dos votos dos membros do Ministério Público Federal, o irmão mais velho do governador maranhense viu a colega Raquel Dodge, segunda colocada, ser escolhida, frustrando um plano montado mais à custa de aparições midiáticas do que por articulações nos bastidores do poder, já que nessa seara a influência de Flávio Dino é nula.
Um detalhe chama atenção em meio à decepção de Flávio Dino e do irmão na eleição para a PGR: ao preterir o mais votado da lista tríplice, Michel Temer repetiu decisão tomada pelo próprio governador do Maranhão, em maio do ano passado. Naquela data, o chefe do Executivo estadual nomeou para o cargo procurador-geral de Justiça o segundo colocado na votação, Luiz Gonzaga Martins Coelho.
Não é exaro dizer que os comunistas mergulharam, a partir da segunda metade de junho, no mais profundo inferno astral. Do topo à base da hierarquia, é visível o abatimento, mesclado com gestos de claro desespero. E o que é pior: a aflição é reverberada pela mídia palaciana, cujas intervenções já não exibem o entusiasmo de outrora, como se os próprios jornalistas, radialistas e blogueiros alinhados não acreditassem no que divulgam.
Coincidência ou não, o período que marca a derrocada dos comunistas é aquele em que os maranhenses mais se enchem de alegria.
Do blog Daniel Matos
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