Presidente Lula.

O GLOBO

A pior avaliação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em todas as suas gestões animou a oposição e revelou um cenário mais adverso para o Executivo no xadrez das eleições de 2026. Auxiliares do presidente reconhecem que os números do Datafolha divulgados na sexta-feira tornam mais difícil para Lula alcançar um dos objetivos que haviam sido traçados para a reforma ministerial que está sendo desenhada: amarrar desde já apoios de partidos para a eleição do ano que vem.

O receio no governo é de que siglas que já resistiam a firmar compromissos para a disputa do próximo ano evitem de vez embarcar em uma candidatura. Além disso, Lula tem dados sinais trocados: não descarta a possibilidade de disputar a reeleição, tampouco se compromete com a busca pelo quarto mandato. Na primeira reunião ministerial do ano, em janeiro, o petista afirmou que Deus decidiria o seu futuro, surpreendendo integrantes do governo.

A avaliação positiva do governo caiu de 35% para 24%, nos últimos dois meses, segundo o Datafolha. A avaliação negativa do governo (ruim ou péssima) também é recorde e subiu, no período, de 34% para 41%.

Ministros e líderes da base colocam em dúvida uma candidatura do presidente caso a popularidade do governo permaneça baixa. Se o risco de fracasso for grande, dizem, seria mais conveniente para o presidente, de 79 anos, não concorrer e evitar assim a possibilidade de encerrar a carreira política com uma derrota.

Apesar disso, auxiliares do petista dizem que ele ainda é o favorito na disputa. Mesmo com queda na popularidade, pesquisa Genial/Quaest do início do mês mostra que Lula lidera em intenções de voto em todos os cenários testados e vence seus rivais nas simulações de segundo turno.

Diante das incertezas do cenário de 2026, Lula pediu que o marqueteiro da sua campanha em 2022, Sidônio Palmeira, assumisse a comunicação do governo, no início deste ano. Esse movimento tem se refletido no dia a dia, por exemplo, com o presidente gravando vídeos com tons eleitorais, além de entrevistas.

— Estamos reestruturando a comunicação para garantir que a verdade chegue de forma mais clara à população. O foco do governo continua sendo resolver problemas reais dos brasileiros, como o preço dos alimentos. O presidente Lula segue com força para 2026, como também indicam as recentes pesquisas — disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).